segunda-feira, 26 de maio de 2014

Capítulo 17 - Distância

-Você vai o quê? - perguntei sem acreditar.
- Vou me mudar para São Paulo em 3 meses.
- Por que você?
- Porque o Fernando,  meu sócio,  não entende de maquinário.  Ele é da parte administrativa.
- Uau!
- Mas, calma,  só daqui há uns meses. Você vai ter que me aguentar por mais um tempo.
Ainda assim, eu não estava satisfeita. Era como se tivessem me tomado um presente.
- E você sabe quanto tempo vai passar lá?
- Não menos que 3 anos. Mas não direto. Vou intercalar com o Fernando, pra gente acompanhar todo o andamento.
- E a escola?
- Já está no final do ano letivo.  Vou só conversar lá para explicar a saída e indicar alguém.
- Você já tem?
- Sim. Tenho uma amiga da academia. Ela é professora. Mas não vamos pensar no futuro. Vamos aproveitar o presente: este delicioso almoço e a perfeita companhia.
- Ok.
Depois disso, esqueci da mudança e voltamos aquele clima gostoso.  Almoçamos.  De lá,  fomos para um lindo parque arborizado. Sentamos debaixo de uma das árvores.
- Quer um sorvete? - ele ofereceu ao avistar a carrocinha.
- Não,  obrigada.  Fique a vontade.
- Ah, não.  Sozinho não gosto.
- Você não vai comer por minha causa?!
- Sinta-se ocupada.
- Está bem. Peça 1 para nós dois. Eu dou uma provadinha e você sacia sua vontade.
- Ok.
Ele pediu e tomamos juntos. Conversamos. Rimos, que a hora passou e nen percebemos.
Quando vi a hora...
- É melhor voltarmos para casa. Amanhã meu expediente começa logo cedo. Você se importa?
- Claro que não.  Você não iria me abandonar aqui sem carona, não é?! - ele disse, rindo. - Estou brincando.
- Me ensina onde é sua casa, que não te abandono em qualquer lugar. - brinquei.
- Não tem perigo - ele piscou pra mim.
A caminho do carro, ele pegou na minha mão e entrelaçou seus dedos aos meus. Fomos de mãos dadas até o carro. De longe, destravei o carro. Ele soltou a minha mão e foi em outra direção. Continuei caminhando. Não sabia se continuava o esperando ali fora ou se já entrava no carro.
Quando ia abrindo a porta para entrar, o vi voltando, com uma das mãos para trás e a outra no bolso. Fiquei ali em pé, olhando por cima do teto do carro. Ele entrou no carro. Então,  entrei. Quando entrei, ele estava com as mãos livres. Cheguei a pensar que ele me daria uma flor, mas, foram só pensamentos. Ele foi explicando o caminho de casa, até que chegamos.
- Entregue, moço.  - falei.
- Muito obrigado. Vou pegar a minha bagagem.
Abri a mala. Ele saiu do carro. Saí também para me despedir. Ele pegou a mala e veio ao meu encontro.
- Vamos entrar?
- Hoje não dá mesmo.  Amanhã levanto cedo.
- Ok. Pra você - ele me disse, me entregando uma flor.
- Ah, que linda. Obrigada.
- Verdadeira e natural, assim como você - ele disse piscando para mim.
- Obrigada. - respondi, me sentindo vermelha. E o abracei. Ele retribuiu. Nos afastamos. Entrei no carro.
- Até amanhã? - ele perguntou.
- Até!  - respondi.
Ele pegou a minha mão do volante, deu um beijo e a colocou no lugar.  Liguei o carro.
- Vai em paz. - ele disse, se afastando do carro.
- Fique com ela. - respondi.
Com 20 minutos, cheguei em casa. Ao descer do carro, recebi uma mensagem: "Não esquece de olhar a mala." Fui verificar.  Quando abri, não acreditei no que vi.

Capítulo 16 - Quase

Mas alguém buzinou, querendo a vaga e quebrando o clima.
Ele, com a mão por cima da minha solrou o freio e disse: "Vamos, antes que alguém tome a vaga a força". Eu ri.
Fiquei sem graça de falar alguma coisa depois daquilo. Mas, ainda bem, ele é esperto demais.
"Então,  com que frequência vocês almoçam em família?"
"De 15 em 15 dias. Não religiosamente, mas sempre que dá. "
E fomos conversando até chegarmos no restaurante.
"Esse é novo?" - perguntou.
"Reformado. Foi reinaugurado ontem."
"Ah, estou lembrando.  Conheço. "
"Imaginei que sim. Por isso te trouxe. Não ia arriscar te levar pra um lugar desconhecido, com você morrenfo de fome." Ele riu.
Descemos do carro e entramos no restaurante. Falei com a moça da reserva e fomos encaminhados à nossa mesa.
O garçom nos deu o cardápio.
"Você escolhe e eu pago." - ele disse.
"Fui eu quem te trouxe. Eu pago." - respondi.
"Mas você atendeu meu convite de ontem e encerro o assunto."
Olhei pra ele com uma sombrancelha levantada e voltei ao cardápio.  O garçom, para ajudar, sugeriu o mais pedido. Pedimos também.
"E você traz uma jarra de suco de abacaxi com hortelã junto com o almoço.  Pra agora, 2 garrafas de água sem gás."
"Mais alguma coisa?"
"Não"
"Com licença" - e o garçom se retirou.
"Ah, está vendo?! Pedi tudo."
"E quem disse que eu achei ruim? Temos gostos parecidos."
"Muito importante isso!" - ele respondeu.
A água chegou.
"Quero brindar, com água mesmo." - ele falou já com o copo na mão.
"A que?"
"A nós."  - respondeu.
"Cheers"
"Cheers" - respondi, tocando meu copo no dele.
"E para comemorar o negócio que fechei ontem." - ele falou.
"O que foi?"
"Vamos abrir uma filial da academia em São Paulo."
"Que bom!" - falei erguendo a taça e tomando mais um gole.
"Vou me mudar para lá em pouco tempo." - ele falou.
Quase me engasguei.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tempo

Tenho muita sorte de ter passado em tantos lugares. Crescer andarilho me permitiu crescer um pouquinho antes do tempo. Cada lugar que morei, cada pessoa que conheci me fez entender que a vida é de muitas possibilidades.

Apesar disso, eu acreditei que algo me foi confiado. Uma missão? Um chamado? Não sei. Podem chamar do que quiser. Mas a certeza eu tenho, que é para mim. Dentro de tantas alternativas, algo mais forte me faz escolher uma opção que leva à outra melhor. Perguntas vão sendo respondidas,  pessoas levam às outras, estradas conduzem à lugares imagináveis, fazendo tudo ter sentido.

Nessa minha busca, às vezes, me pego em dúvidas, se minha escolha levará ao melhor caminho. Por isso, eu oro para Deus me orientar. Por isso,  eu demoro a tomar alfumas decisões. Nem tudo na vida tem como voltar para ser consertado. Nem sempre a vida te dá tempo para isso. E o melhor é dar um tempo. Tempo para conhecer, tempo para defender, tempo para acreditar e, então, escolher. Meu tempo dura de segundos à meses. E o que for meu vai saber esperar.

terça-feira, 1 de abril de 2014

A minha música

Quando o sinal tocou, saí da minha mesa e caminhei até a sala. A próxima aula era de Geografia. Passei, lentamente, pelo furdunço que era o final do recreio, tomando meus últimos goles do suco de goiaba. Fui ao banheiro lavar as mãos - mania! - e lavar a boca. Aproveitei para retocar o batom também.  Aquele não era um dia fácil para mim, mas não seria por isso que deixaria minha aparência de lado.  Quem sabe o exterior melhorasse o interior.
Ao chegar na sala, bateu um alívio: o professor estava mais lento que eu, nem havia chegado.  Entrei, sentei e peguei meu material. Podia sentir o modo piloto automático - fazendo sempre as mesmas coisas, sem perceber se estava certo. Ainda bem que estava! Professor Garcia entra na sala, já se desculpando pelo atraso. Meus pensamentos,  neste momento,  se aquietaram. Conseguia me concentrar na aula, mas, a cada descanso, as lembranças vinham à tona. Saber que ele estava namorando me deu um nó na garganta. "Droga! Maldito Facebook!" - eu pensava, respondendo aos meus pensamentos.
O professor já tinha começado a aula e eu continuava de cabeça baixa, "escrevendo a aula". Dessa vez, não conseguia me controlar e já não estava ali. Escrevia aquela música "fundo do poço". Masoquismo. De repente, minha música continha novas rimas. A melodia estava em minha mente, e a letra era cantada pela caneta que escrevia sem parar. A história se encaixava comigo. Agora tinha viraso a minha história.
Ficou tão bonita!  Fiquei surpresa! Na volta para casa, vim cantando a minha música.  Baixinho, claro. E foi como se eu tivesse dividido toda aquela carga. Postei uma atualização na rede com ela. Muitas outras pessoas se identidicaram.
Não sou de compartilhar minhas coisas, mas sempre que quero "exorcizar" meus pensamentos,  faço uma música. A minha música.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Capítulo 15 - Inesperado

O pessoal de casa foi almoçar com amigos. E eu fiquei. Me arrumei e saí.  Cheguei no aeroporto às 12:55hs. Fui logo para o portão de desembarque esperar. Vestia uma calça branca skinny com estampa de florzinhas e uma blusa rosa leve, dem mangas, com o colo em renda. No cabelo, fiz uma trança lateral e calçava meu oxford nude.
O vôo não atrasou.  Nem ele demorou pra sair. Estava um gato! Jeans, camiseta gola "v" amarela clara, mocassim e óculos aviador. Empurrando o carrinho com uma pequena mala e uma pasta.
Quando me viu, abriu um lindo sorriso (o que chamou atenção). Veio ao meu encontro e me deu um longo abraço,  o que foi o suficiente para as mulheres dali perderem as esperanças.  E ele estava muito cheiroso.
"Que bom que você veio!" - disse ele quando me largou.
"Pois é,  captei sua indireta diretamente para mim." - respondi rindo.
"E o almoço? "
"Não é sempre. Omiti o resto da informação. Não ia estragar a surpresa, não é?! Então, vamos almoçar?"
"Estou com fome, confesso."
"Hoje, a indicação do lugar será minha."
"Ok. Confio totalmente."
E fomos conversando, caminhando até o carro.
"E eu vou dirigindo. Ah-ra"
"Para onde a senhorita vai me levar?"
"Surprise!"
"Oh, okay. I don't have a problem".
"Poderia te levar para a América com essa conversa."
"E eu iria feliz da vida."
Paramos no meu carro. Abri a mala e ele guardou a bagagem. Entramos  no carro.
Quando liguei o carro, que ia soltar o frio de mão,  ele colocou a mão sobre a minha. Permaneci com a outra mão no volante, mas olhando pra ele. Pôs a outra mão no meu pescoço e foi aproximando o rosto, olhando em meus olhos e minha boca.

terça-feira, 11 de março de 2014

Capítulo 14 - Ansiedade e caracteres

Meu coração acelerou. Já ia responder ansiosamente que também estava vendo filme, quando parei. "Calma!" - falei comigo mesmo. "Vou demorar a responder". "Droga!" - falei alto,  sem querer. Ele já tinha visto que a mensagem foi visualizada. "Que bom!" - coloquei. Aí, completei: "Agora é descansar. Que filme?"
Ele respondeu: "Sem limites. Já assisti, mas era o melhor dentre as opções. Rs' "
"Também já assisti. Gostei. Eu estava vendo..." - corri para a sala pra ver o nome do filme - "... A supremacia Bournie".
"Eu gostei dessa sequência.  Pena que não tinha esse aqui."
"Eu preferia o que você está assistindo"
"Eu preferia você aqui."
Gelei com a resposta dele. E continuou: "Ou estar aí.  Tanto faz. Só queria estar com você agora"
"Estarei aqui quando você voltar"
"Muito bom saber disso"
"Resolva aí tudo o que precisar"
"Resolvi.  Volto amanhã."
"Que bom!" - me limitei a escrever,  quando na verdade sorria sem parar. Coloqueu várias exclamações,  mas tirei.
"Meu vôo chega às 13hs."
"Que indireta!  kkkkkkk"
" kkkk Quer almoçar comigo?"
"Você não tem família,  não?  Eles devem estar com saudades de você. "
"Do jeito que você fala parece que passei 10 anos fora. Jantarei com eles."
"Ok, então.... Na verdade, não. "
"O que foi?"
"Almoçamos em família aos domingos. Sabe, é o único dia que estão todos juntos"
"Ah, ok. Fica para a próxima."
"Chegou visita aqui. Tenho que ir. Uma boa viagem de volta e uma boa noite."

quarta-feira, 5 de março de 2014

Capítulo 13 - Instinto



Não sei por quanto tempo cochilei, só sei que acordei de súbito procurando o celular. Não tinha nova mensagem. Só o meu rascunho a ser enviado. Excluí e me levantei. Tomei um banho sem demoras.  Ao sair do banheiro, vi em cima da minha mesa um DVD, um filme que eu tinha alugado na quinta-feira. Peguei e fui pra sala. Coloquei o DVD e quando estava no menu, resolvi fazer pipoca. De microondas mesmo. Voltei pra sala.

- Nossa, onde eu estava com a cabeça quando peguei um filme desses? - me perguntei.

Filmes de guerra nunca foram meu forte. Ah, lembrei! Peguei o primeiro filme que vi depois do acontecido. O acontecido.

É. Foi o seguinte: entrei numa locadora para garantir a mente ocupada caso amarelasse na sexta-feira, se eu não fosse para o jantar. Ao entrar, não tinha percebido que o Gustavo também estava lá. Comecei a procurar filmes, quando o vi, ainda que de costas. Pensei em fugir, mas poderiam ir atrás de mim achando que eu tinha levado alguma coisa. Comecei a controlar a respiração, para manter o controle e não chamar atenção. Peguei o primeiro filme ao meu alcance e fui para o caixa, que estava vazio, para o meu alívio.

O filme já havia começado quando voltei das minhas lembranças. E com o pote de pipoca.
Escutei o sinal de mensagem no celular.
- Deve ser a Letícia - pensei.
Outro sinal. Não me contive e me levantei. Fui ao quarto pegar o celular. Quando vi, 2 mensagens dele! Do Rodrigo!

"Oi, a viagem foi boa e a reunião tambpem. Agora descansar. Tô vendo um filme no quarto do hotel, e vc?"

Capítulo 12- Verdades



E ele não estava lá. Claro! Passei devagar com o carro. Não saltaria do carro, pra que alguém conhecido dele me visse, afinal, ele estava direto lá. Fui pra casa.

Ao chegar, fui direto pegar minha garrafinha na geladeira. Lá estava o bilhete da minha mãe dizendo que tinham ído pra casa da minha tia (por parte de pai).
- Ótimo! - murmurei.

Fui pra o meu quarto e me joguei na cama. Agora consegueria colocar minhas ideias em ordem, sozinha em casa. Perfeito!

Ali, comecei a lembrar da noite anterior, do Rodrigo ao meu lado me ajudando a passar a noite mais temida dos últimos tempos, exatamente desde que chegou o convite. Era verdade que eu não gostava mais do Gustavo. Era verdade que não havia possibilidade disso acontecer novamente. Como ainda era verdade que a ferida estava aberta em mim e a possibilidade de um convívio tranquilo ainda era distante. 
Se não fosse o Rodrigo ali comigo, teria passado a noite fugindo dele. Até mesmo de cara feia, fazendo a patética.

Era verdade que eu não estava usando o Rodrigo para fugir dos meus pesadelos. Era verdade que eu estava muito feliz por tê-lo conhecido. E era bem verdade que eu estava aberta à novas pessoas, mas, sei lá, depois do Rodrigo, não sei se estava tão aberta assim. 

- Rodrigo, Rodrigo - murmurei. 

Levantei e peguei o celular dentro da bolsa que estava jogada no chão. Digitei uma mensagem, mas não enviei. Duvidei.

- Calma, Amanhda, não haja por impulso - falei pra mim mesma. 
Ainda me repeti isso umas 4 vezes. É... vontade era grande.

Capítulo 11 - Almoço amigo




Interessante, que o tempo que namorei com o Gustavo, nunca almoçamos juntos no shopping. Ele nunca gostou e eu nunca insisti, aproveitei para preservar esse lugar como "dasamiga". Da Letícia, especificamente. Esse shopping, em particular era nosso. Onde nos conhecemos. Onde nos tornamos amigas.

Seria surpreendente se ela não chegasse pontualmente num local. Eram 12:15 pm e ela já estava lá. 

- Perdão, me atrasei! - falei, cumprimentando-a com os beijinhos e abraços de sempre.
- Sem problemas; sabia que não levaria 'bolo'. Vamos fazer logo os nossos pratos porque já está enchendo.
E fomos para a fila.
- Onde você descobriu aquele príncipe - ela logo pergunto. A Letícia nunca dava rodeios.
"O príncipe para uma princesa", pensei. 
- Na praia. - limitei minha resposta.
- Do nada?
- Do nada. Estava caminhando e ele veio me conhecer.
- Você foi reabastecer as energias e pesca um peixão daqueles?! 
Ela me conhecia. Sabia que minhas ídas à praia para caminhar eram pra me dar coragem para fazer coisas difíceis. E ela sabia também sabia o motivo de eu ir naquele dia: rever seu irmão.
- Pra você ver! - eu ri.

Enquanto preparávamos nossos pratos, ela continuou perguntando sobre o Rodrigo. E eu respondia. Não corria risco do Gustavo ficar sabendo. Disso eu tinha certeza. Na minha vida, o Gustavo foi uma coisa, já a nossa amizade, foi outra. Ainda bem.

Depois de contar como o Rodrigo foi parar na casa dela, finalmente comecei a almoar. E o assunto mudou.

- Amanda, quero que você seja minha madrinha.
Sorri.
- Que lindo! -  respondi.
- Vai me dizer que não saboa? - retrucou Letícia.
- Sabia sim, só não sabia como seria e que seria hoje, mas a minha resposta é sim, sim e sim.
- Que bom! Vou fingir que estou surpreendida por esta resposta - ela falou sorrindo. Eu ri junto.
- Outra coisa, Amanda, o acompanhante fica por sua conta. - falou, piscando o olho pra mim.
- Oh, sim. Ok.
-Convida o Rodrigo pra sair hoje, num programinha à quatro. A gente vai naquele "japa" lá perto de casa.
- Ele está em São Paulo. Negócios.
- Achei que ele fosse personal trainner, não um executivo.
- Ele tem uma academia. Mas, enfim, não tem como saírmos hoje.
- E vocês já se falaram hoje?
- Sim, mais cedo, quando me falou da viagem.
- Será que ele já chegou? perguntou Letícia.
- Estou me perguntando isso há um tempinho. Te confesso que achei que ele fosse me avisar.
- O pouco que percebi dele, ele não vai fazer isso. Ele é inteligente. Vai te deixar esperando.
- Iiii, lá vem o momento análise. Letícia, psicologia agora não! - falei.
- Amiga, são homens. E pra sua sorte, esse é inteligente - a Letícia piscou mais uma vez - e vamos fechar a conta, que tenho que sair com mamãe.

Pagamos e nos despedimos ali na praça de alimentação mesmo, e fomos para nossos carros, que estavam em estacionamentos diferentes. Minha mente estava no Rodrigo até passar numa loja masculina, e ver na vitrine a camisa que o Gustavo usava na noite anterior. Pra mim seria tão mais fácil se ele tivesse solteiro. Não que fôssemos voltar, mas não me sentiria tão 'humilhada'. 

Na volta pra casa, não resisti e passei na praia onde conheci o Rodrigo. Vai que de repente...

Capítulo 10 - Torpedo



"O que deu em vocês? Saíram sem se despedir! Te espero amanhã pra almoçar no mesmo lugar de sempre, às 12hs. Bjo, Letícia."

- Ok, Letícia, só me deixa dormir - balbuciei e apaguei. Dormi até às 10, quando o celular vibrou novamente. Uma só vez. Procurei só com uma mão na mesinha de apoio até que o achei. Uma mensagem. Realmente despertei. Achei que poderia ser o Rodrigo. "Não, esquece: 12hs" 
- Ah, Letícia, deixa de ser chata. - murmurei. Depois ri com o que tinha acabado de dizer. Ainda estava com sonoe continuava deitada. O celular vibrou de novo. 
- Aff, já sei, Letícia - falei, antes de olhar. Era outra mensagem: "Bom dia".
Sorri e respondi: "Agora sim, está bem!"
Claro que tinha respondido pra mim mesma, mas na mensagem coloquei: "Um lindo dia no reino encantado. kkkk".
E assim, fomos conversando por texto.
"Achou meu cartãozinho..." 
"Dormiu bem?"
"Sim, e vc?"
"Tbm, ainda estou deitado."
"Eu tbm."
"Jajá tenho que me aprontar. Viajo às 12.30hs"
"Viajar?"
"É!"
"E posso perguntar pra onde?"
"Sampa."
"E volta quando?"
"Segunda, bem cedinho. Tenho umas reuniões de trabalho e o único horário livre era no final de semana"
"Hmm, trabalhar..."
"É, nunca perdendo oportunidades"
"E tenho um almoço com a Letícia, que me perturba desde a madrugada. kkkk"
"Essas mulheres curiosas"
"Não mesmo, mas tenho que compensar a saidinha de ontem"
"Ela vai pra tua casa?"
"Não, vamos nos encontrar num restaurante, no shopping que a gente sempre almoçava quando trabalhávamos juntas"
"Trabalhavam em que?"
"Atentende num call center, que funcionava no shopping. Eu fui promovida, e ela estava chegando. Foi atendente na minha primeira equipe"
"Vc foi chefe dela?"
"Sim, quando éramos da mesma equipe. Mas nos dávamos tão bem, que viramos amigas."
Temia em ele perguntar algo sobre o Gustavo, ou fazr algum comentário.
"Eu preciso ir agora, me organizar"
"Ok. Boa viagem e que suas reuniões sejam produtivas"
"Torça por mim. E não me esquece. Segunda tô de volta."
"ok, ok, nem vc"
"Impossible. Bjs, princesa"
"bjos"

Não conseguia entender como tinha ficado triste ao saber que ficaria aquele final de semana sem vê-lo. "Reunião em pleno sábado? Será que é verdade? Estranho" - minha mente fervilhando.
Quando me dei conta, eram 11:30hs. Dei um pulo da cama e corri pra me arrumar.

Volteeeei!