quarta-feira, 12 de março de 2014

Capítulo 15 - Inesperado

O pessoal de casa foi almoçar com amigos. E eu fiquei. Me arrumei e saí.  Cheguei no aeroporto às 12:55hs. Fui logo para o portão de desembarque esperar. Vestia uma calça branca skinny com estampa de florzinhas e uma blusa rosa leve, dem mangas, com o colo em renda. No cabelo, fiz uma trança lateral e calçava meu oxford nude.
O vôo não atrasou.  Nem ele demorou pra sair. Estava um gato! Jeans, camiseta gola "v" amarela clara, mocassim e óculos aviador. Empurrando o carrinho com uma pequena mala e uma pasta.
Quando me viu, abriu um lindo sorriso (o que chamou atenção). Veio ao meu encontro e me deu um longo abraço,  o que foi o suficiente para as mulheres dali perderem as esperanças.  E ele estava muito cheiroso.
"Que bom que você veio!" - disse ele quando me largou.
"Pois é,  captei sua indireta diretamente para mim." - respondi rindo.
"E o almoço? "
"Não é sempre. Omiti o resto da informação. Não ia estragar a surpresa, não é?! Então, vamos almoçar?"
"Estou com fome, confesso."
"Hoje, a indicação do lugar será minha."
"Ok. Confio totalmente."
E fomos conversando, caminhando até o carro.
"E eu vou dirigindo. Ah-ra"
"Para onde a senhorita vai me levar?"
"Surprise!"
"Oh, okay. I don't have a problem".
"Poderia te levar para a América com essa conversa."
"E eu iria feliz da vida."
Paramos no meu carro. Abri a mala e ele guardou a bagagem. Entramos  no carro.
Quando liguei o carro, que ia soltar o frio de mão,  ele colocou a mão sobre a minha. Permaneci com a outra mão no volante, mas olhando pra ele. Pôs a outra mão no meu pescoço e foi aproximando o rosto, olhando em meus olhos e minha boca.

terça-feira, 11 de março de 2014

Capítulo 14 - Ansiedade e caracteres

Meu coração acelerou. Já ia responder ansiosamente que também estava vendo filme, quando parei. "Calma!" - falei comigo mesmo. "Vou demorar a responder". "Droga!" - falei alto,  sem querer. Ele já tinha visto que a mensagem foi visualizada. "Que bom!" - coloquei. Aí, completei: "Agora é descansar. Que filme?"
Ele respondeu: "Sem limites. Já assisti, mas era o melhor dentre as opções. Rs' "
"Também já assisti. Gostei. Eu estava vendo..." - corri para a sala pra ver o nome do filme - "... A supremacia Bournie".
"Eu gostei dessa sequência.  Pena que não tinha esse aqui."
"Eu preferia o que você está assistindo"
"Eu preferia você aqui."
Gelei com a resposta dele. E continuou: "Ou estar aí.  Tanto faz. Só queria estar com você agora"
"Estarei aqui quando você voltar"
"Muito bom saber disso"
"Resolva aí tudo o que precisar"
"Resolvi.  Volto amanhã."
"Que bom!" - me limitei a escrever,  quando na verdade sorria sem parar. Coloqueu várias exclamações,  mas tirei.
"Meu vôo chega às 13hs."
"Que indireta!  kkkkkkk"
" kkkk Quer almoçar comigo?"
"Você não tem família,  não?  Eles devem estar com saudades de você. "
"Do jeito que você fala parece que passei 10 anos fora. Jantarei com eles."
"Ok, então.... Na verdade, não. "
"O que foi?"
"Almoçamos em família aos domingos. Sabe, é o único dia que estão todos juntos"
"Ah, ok. Fica para a próxima."
"Chegou visita aqui. Tenho que ir. Uma boa viagem de volta e uma boa noite."

quarta-feira, 5 de março de 2014

Capítulo 13 - Instinto



Não sei por quanto tempo cochilei, só sei que acordei de súbito procurando o celular. Não tinha nova mensagem. Só o meu rascunho a ser enviado. Excluí e me levantei. Tomei um banho sem demoras.  Ao sair do banheiro, vi em cima da minha mesa um DVD, um filme que eu tinha alugado na quinta-feira. Peguei e fui pra sala. Coloquei o DVD e quando estava no menu, resolvi fazer pipoca. De microondas mesmo. Voltei pra sala.

- Nossa, onde eu estava com a cabeça quando peguei um filme desses? - me perguntei.

Filmes de guerra nunca foram meu forte. Ah, lembrei! Peguei o primeiro filme que vi depois do acontecido. O acontecido.

É. Foi o seguinte: entrei numa locadora para garantir a mente ocupada caso amarelasse na sexta-feira, se eu não fosse para o jantar. Ao entrar, não tinha percebido que o Gustavo também estava lá. Comecei a procurar filmes, quando o vi, ainda que de costas. Pensei em fugir, mas poderiam ir atrás de mim achando que eu tinha levado alguma coisa. Comecei a controlar a respiração, para manter o controle e não chamar atenção. Peguei o primeiro filme ao meu alcance e fui para o caixa, que estava vazio, para o meu alívio.

O filme já havia começado quando voltei das minhas lembranças. E com o pote de pipoca.
Escutei o sinal de mensagem no celular.
- Deve ser a Letícia - pensei.
Outro sinal. Não me contive e me levantei. Fui ao quarto pegar o celular. Quando vi, 2 mensagens dele! Do Rodrigo!

"Oi, a viagem foi boa e a reunião tambpem. Agora descansar. Tô vendo um filme no quarto do hotel, e vc?"

Capítulo 12- Verdades



E ele não estava lá. Claro! Passei devagar com o carro. Não saltaria do carro, pra que alguém conhecido dele me visse, afinal, ele estava direto lá. Fui pra casa.

Ao chegar, fui direto pegar minha garrafinha na geladeira. Lá estava o bilhete da minha mãe dizendo que tinham ído pra casa da minha tia (por parte de pai).
- Ótimo! - murmurei.

Fui pra o meu quarto e me joguei na cama. Agora consegueria colocar minhas ideias em ordem, sozinha em casa. Perfeito!

Ali, comecei a lembrar da noite anterior, do Rodrigo ao meu lado me ajudando a passar a noite mais temida dos últimos tempos, exatamente desde que chegou o convite. Era verdade que eu não gostava mais do Gustavo. Era verdade que não havia possibilidade disso acontecer novamente. Como ainda era verdade que a ferida estava aberta em mim e a possibilidade de um convívio tranquilo ainda era distante. 
Se não fosse o Rodrigo ali comigo, teria passado a noite fugindo dele. Até mesmo de cara feia, fazendo a patética.

Era verdade que eu não estava usando o Rodrigo para fugir dos meus pesadelos. Era verdade que eu estava muito feliz por tê-lo conhecido. E era bem verdade que eu estava aberta à novas pessoas, mas, sei lá, depois do Rodrigo, não sei se estava tão aberta assim. 

- Rodrigo, Rodrigo - murmurei. 

Levantei e peguei o celular dentro da bolsa que estava jogada no chão. Digitei uma mensagem, mas não enviei. Duvidei.

- Calma, Amanhda, não haja por impulso - falei pra mim mesma. 
Ainda me repeti isso umas 4 vezes. É... vontade era grande.

Capítulo 11 - Almoço amigo




Interessante, que o tempo que namorei com o Gustavo, nunca almoçamos juntos no shopping. Ele nunca gostou e eu nunca insisti, aproveitei para preservar esse lugar como "dasamiga". Da Letícia, especificamente. Esse shopping, em particular era nosso. Onde nos conhecemos. Onde nos tornamos amigas.

Seria surpreendente se ela não chegasse pontualmente num local. Eram 12:15 pm e ela já estava lá. 

- Perdão, me atrasei! - falei, cumprimentando-a com os beijinhos e abraços de sempre.
- Sem problemas; sabia que não levaria 'bolo'. Vamos fazer logo os nossos pratos porque já está enchendo.
E fomos para a fila.
- Onde você descobriu aquele príncipe - ela logo pergunto. A Letícia nunca dava rodeios.
"O príncipe para uma princesa", pensei. 
- Na praia. - limitei minha resposta.
- Do nada?
- Do nada. Estava caminhando e ele veio me conhecer.
- Você foi reabastecer as energias e pesca um peixão daqueles?! 
Ela me conhecia. Sabia que minhas ídas à praia para caminhar eram pra me dar coragem para fazer coisas difíceis. E ela sabia também sabia o motivo de eu ir naquele dia: rever seu irmão.
- Pra você ver! - eu ri.

Enquanto preparávamos nossos pratos, ela continuou perguntando sobre o Rodrigo. E eu respondia. Não corria risco do Gustavo ficar sabendo. Disso eu tinha certeza. Na minha vida, o Gustavo foi uma coisa, já a nossa amizade, foi outra. Ainda bem.

Depois de contar como o Rodrigo foi parar na casa dela, finalmente comecei a almoar. E o assunto mudou.

- Amanda, quero que você seja minha madrinha.
Sorri.
- Que lindo! -  respondi.
- Vai me dizer que não saboa? - retrucou Letícia.
- Sabia sim, só não sabia como seria e que seria hoje, mas a minha resposta é sim, sim e sim.
- Que bom! Vou fingir que estou surpreendida por esta resposta - ela falou sorrindo. Eu ri junto.
- Outra coisa, Amanda, o acompanhante fica por sua conta. - falou, piscando o olho pra mim.
- Oh, sim. Ok.
-Convida o Rodrigo pra sair hoje, num programinha à quatro. A gente vai naquele "japa" lá perto de casa.
- Ele está em São Paulo. Negócios.
- Achei que ele fosse personal trainner, não um executivo.
- Ele tem uma academia. Mas, enfim, não tem como saírmos hoje.
- E vocês já se falaram hoje?
- Sim, mais cedo, quando me falou da viagem.
- Será que ele já chegou? perguntou Letícia.
- Estou me perguntando isso há um tempinho. Te confesso que achei que ele fosse me avisar.
- O pouco que percebi dele, ele não vai fazer isso. Ele é inteligente. Vai te deixar esperando.
- Iiii, lá vem o momento análise. Letícia, psicologia agora não! - falei.
- Amiga, são homens. E pra sua sorte, esse é inteligente - a Letícia piscou mais uma vez - e vamos fechar a conta, que tenho que sair com mamãe.

Pagamos e nos despedimos ali na praça de alimentação mesmo, e fomos para nossos carros, que estavam em estacionamentos diferentes. Minha mente estava no Rodrigo até passar numa loja masculina, e ver na vitrine a camisa que o Gustavo usava na noite anterior. Pra mim seria tão mais fácil se ele tivesse solteiro. Não que fôssemos voltar, mas não me sentiria tão 'humilhada'. 

Na volta pra casa, não resisti e passei na praia onde conheci o Rodrigo. Vai que de repente...

Capítulo 10 - Torpedo



"O que deu em vocês? Saíram sem se despedir! Te espero amanhã pra almoçar no mesmo lugar de sempre, às 12hs. Bjo, Letícia."

- Ok, Letícia, só me deixa dormir - balbuciei e apaguei. Dormi até às 10, quando o celular vibrou novamente. Uma só vez. Procurei só com uma mão na mesinha de apoio até que o achei. Uma mensagem. Realmente despertei. Achei que poderia ser o Rodrigo. "Não, esquece: 12hs" 
- Ah, Letícia, deixa de ser chata. - murmurei. Depois ri com o que tinha acabado de dizer. Ainda estava com sonoe continuava deitada. O celular vibrou de novo. 
- Aff, já sei, Letícia - falei, antes de olhar. Era outra mensagem: "Bom dia".
Sorri e respondi: "Agora sim, está bem!"
Claro que tinha respondido pra mim mesma, mas na mensagem coloquei: "Um lindo dia no reino encantado. kkkk".
E assim, fomos conversando por texto.
"Achou meu cartãozinho..." 
"Dormiu bem?"
"Sim, e vc?"
"Tbm, ainda estou deitado."
"Eu tbm."
"Jajá tenho que me aprontar. Viajo às 12.30hs"
"Viajar?"
"É!"
"E posso perguntar pra onde?"
"Sampa."
"E volta quando?"
"Segunda, bem cedinho. Tenho umas reuniões de trabalho e o único horário livre era no final de semana"
"Hmm, trabalhar..."
"É, nunca perdendo oportunidades"
"E tenho um almoço com a Letícia, que me perturba desde a madrugada. kkkk"
"Essas mulheres curiosas"
"Não mesmo, mas tenho que compensar a saidinha de ontem"
"Ela vai pra tua casa?"
"Não, vamos nos encontrar num restaurante, no shopping que a gente sempre almoçava quando trabalhávamos juntas"
"Trabalhavam em que?"
"Atentende num call center, que funcionava no shopping. Eu fui promovida, e ela estava chegando. Foi atendente na minha primeira equipe"
"Vc foi chefe dela?"
"Sim, quando éramos da mesma equipe. Mas nos dávamos tão bem, que viramos amigas."
Temia em ele perguntar algo sobre o Gustavo, ou fazr algum comentário.
"Eu preciso ir agora, me organizar"
"Ok. Boa viagem e que suas reuniões sejam produtivas"
"Torça por mim. E não me esquece. Segunda tô de volta."
"ok, ok, nem vc"
"Impossible. Bjs, princesa"
"bjos"

Não conseguia entender como tinha ficado triste ao saber que ficaria aquele final de semana sem vê-lo. "Reunião em pleno sábado? Será que é verdade? Estranho" - minha mente fervilhando.
Quando me dei conta, eram 11:30hs. Dei um pulo da cama e corri pra me arrumar.

Capítulo 9 - Nas nuvens



Entrei fazendo o mínimo de barulho possível. Passei na cozinha, peguei minha garrafinha de água na geladeira e fui para o meu quarto. Tomei uns goles e comeceu a me desfazer. Tirei as sandálias, o vestido, prendi o cabelo e fui pra o banheiro. No chuveiro mesmo tirei a maquiagem. Coloquei meu pijama, escovei os dentes e me sentei na cama.

- É, quem sabe - murmurei.

Continuei tomando minha água. Lembrei que era sábado, então, podia acordar mais tarde. Fechei as cortinas e caí na cama. A única luz no meu quarto agora era o abajur. Me sentia relaxada, porém sem sono. Ainda estava sem acreditar no que vivenciara só naquele dia. Meu sorriso se transformou em preocupação.
"Será que é mentira?". "Tá tudo muito bonitinho pra ser confiável".
Minha mente foi bombardeada com esses pensamentos. Não aguentei, levantei, dobrei meus joelhos e disse:

"Meu amigo, quem será aquela pessoa que conheci hoje? Não me deixe sem resposta. Agora estou aflita e te peço que me proteja. Amém".

Quando me sinto confusa, procuro meu melhor amigo para conversar. Aprendi com minha avó. E sempre dá certo, porque não fico sem resposta. Gosto de conversar olhando para o mar. Me sinto mais próximo do céu quando vejo o horizonte. Quando não posso sair, procuro um lugar em que eu possa me concentrar.

Levantei e deitei. Agora me sentia pesada. Meus olhos foram fechando até que apaguei.

Dormi até o celular sinalizar uma mensagem.

Capítulo 8 - O sonho



- Obrigada! - Eu disse ao garçom após ele me servir.
- "Com licença", disse o garçom se retirando.
- Hm, parece apetitosa. - disse Rodrigo.
- É. - respondi.
E quando ia dar a primeira garfada, fui interrompida com: "Vamos brindar?!". Pus meu garfo na mesa e peguei minha taça.
- Ao que? - perguntei.
- À nós.
- Tim-tim! - falamos juntos, tocando as taças. Tomamos um gole.
- Agora vamos comer, que estou morrendo de fome. - brincou Rodrigo. Sorri.

As horas se passaram calmamente. Conversamos tanto, que parecia que a noite não tinha fim. E nenhum dos dois queria que tivesse. Rodrigo pagou a conta e fomos para o carro. Ele abriu a porta para mim. Entrei e ele deu a volta. Quando pegou no volante, pus minha mão sobre a dele.
- Obrigada. - falei, olhando nos olhos dele. Realmente me sentia agradecia pela noite agradável que ele havia me proporcionado. A noite que eu tanto temia se transformou numa leve pena que, no final, ainda fez "cosquinha".
- Tudo tem seu preço. - respondeu.
- E qual é?
- Quero que você saia de novo comigo.
Sorri, e balbuciei "ok".
Permanecemos nos olhando nos olhos até que eu disse: "Me deixa em casa?".
Ele balançou a cabeça que sim, como quem acabara de lembrar de algo. Pra quebrar o silêncio, comecei:
- Então, me explica a história do tênis vermelho.
Ele deu uma risada gostosa.
- Você não esqueceu?!
- Claro que não!
- Ok. Eu lembro de um sonho que tive por diversas vezes. Uma garota com uma farda de colégio, com uma mochila rosa, com vários buttons. Essa garota carregava um caderno, que tinha um tênis desenhado no papelão que restara da capa, e que era pintado de caneta vermelha.
- É! A caneta vermelha tinha que acabar proporcional às outras! Mas... Espera! Como você sonhou com o meu caderno?
- Aaaahhh! Você quer saber demais! Deixo para o próximo capítulo. Acabamos de chegar no seu prédio.
- Ah, não! Você tem que me contar!
- Ah, sim! Preciso de uma certeza que te verei novamente!
- Minha palavra não te basta?
- Garantias nunca são demais!
- Ok. Mais uma vez, muito obrigada.
- Eu que agradeço.
Trocamos dois beijinhos no rosto. Quando fiz que ia sair, ele disse: "Espera!". Saiu, e abriu a porta para mim. Beijou a minha mão e ficou me olhando entrar no prédio. Entrou no carro e foi embora.
- Boa noite! - cumprimentei o porteiro.
- Boa noite, dona Amanda - respondeu. Ainda bem que o elevador estava no térreo. Não precisei esperar. Apertei o botão do meu andar e já fui procurando as chaves do apartamento. Vasculhando a bolsa, achei um cartãozinho. Curiosa, logo abri e tinha escrito: "Uma boa noite para a mais linda das princesas" Não conseguia lembrar o momento que isso tinha sido colocado ali. Me surpreendeu! Sorri. O elevador parou. Meu andar chegou.

Capítulo 7 - Novos encontros



- Nossa, como a hora voou! - comentei.
- Algum problema? - Rodrigo perguntou.
- Não, não. Deixa eu só avisar à minha mãe que está tudo bem.
- Aquela mesa estã bom para você? - perguntou ele, olhando em direção à uma mesa próximo à janela.
Balancei a cabeça que sim..
- Oi, mãe. Tá. Tudo tranquilo. Em casa conversamos. Beijo, Tchau. - falei no celular enquanto nos dirigíamos à mesa. Ao sentármos, ele perguntou: - Nem parecia uma conversa com mãe. A minha pede relatórios.
- É. A minha era assim. Mas conversamos e adotamos esse método. Desde a minha adolescência. - respondi.
- Que bacana! 
- O que vocês vão querer? - perguntou o garçom.
- Pizza margherita? - ele perguntou pra mim, novamente. E balancei a cabeça que sim. 
- Uma pizza margherita - Rodrigo falou para o garçom.
- E para beber? - perguntou o garçom.
- Tem Coca-cola Zero? - perguntei ao Rodrigo.
- Sim, tem. - respondeu ele, já pedindo ao garçom - E duas latas de Coca Cola Zero.
- Sim, senhor. - respondeu o garçom. - Mais alguma coisa?
- Sim, uma água mineral, sem gás, por favor. Você traz agora e deixa pra trazer o refrigerante junto com a pizza.
- Ok, senhor.
- Demora quanto tempo? - perguntei ao garçom.
- Uns 40 minutos. -  ele respondeu.
- Obrigada. - falei.
- Com licença. - falou o garçom e se retirou.
- Você vem sempre aqui? - reiniciei a conversa com o Rodrigo.
- Houve uma época que sim, mas ultimamente, não.
- Com sua namorada? - perguntei, como quem não quer nada.
- Era. Ela não curtia conhecer outros lugares, aí quando a gente saía, ela só queria vir aqui. E por falar nela...
- Jura? - me surpreendi. - Onde?
- Entrando agora, com a irmã e seus atuais namorados. 
Estava morta de curiosidade, mas não olhei.
- É, parece que ela não mudou muito. Ainda prefere vir aqui. - falei, tentando ser engraçada. Ele sorriu educadamente. - Lá vem a água. 
- Oba! Estou morrendo de sede.
- Líquido dos deuses.
O garçom que estava nos servindo riu com meu comentário.
- Obrigado. - disse o Rodrigo ao garçom. - Não há melhor! - completou ele, quando o garçom se retirou.
Olhava para o Rodrigo relembrando de tudo o que passou até estarmos sentados ali.
- O que foi? - ele perguntou?
- Você não é vidente? - brinquei.
- Até as 22 p.m. - ele retribuiu.
Ele colocou o braço por cima da mesa e, com os dedos, pediu a minha mãos. Coloquei a minha mão na dele. Senti seu polegar macio me acariciando, enquanto me encarava. Meu coração gelou. Até então, me sentia com um amigo, e agora caíra a ficha do nosso "encontro".
- Você é linda. - falou o Rodrigo, quebrando o silêncio.
- Obrigada. - respondi, timidamente.
- Por dentro e por fora - ele continuou.
- Achei que sua sessão vidente tinha acabado. - brinquei pra esconder o nervosismo.
- É que estou relembrando tudo sobre você. - ele falou.
- Você tem resposta pra tudo! - eu ri. - Você é um barato!
- É sério! Eu conheço você. -  falou.
- Ah, tá. Acredito! - respondi.
- Se você não acredita, então... - ele falou, em tom misterioso.
- De onde? Eu não te conheço antes de hoje. - falei.
- Mas eu sim. Você era a garota dos meus sonhos.
Eu ri e falei sem pensar: - Só sonhando mesmo.
- Bem, desde os tempos da calça azul e camisa branca. E um tênis vermelho que você mesmo desenhara.
- Como é? - fiquei curiosíssima. Lembrei de um caderno que eu tenho, com um tênis desenhado. - De onde você me conhece?
A pizza chega.

Capítulo 6 - Inevitável



Quando meu olhar se cruzou com o do Gustavo, foi como uma autorização para que ele viesse falar comigo. Imediatamente, ele se levantou e veio em minha direção. 
- Não sai daqui - murmurei para o Rodrigo.
- Pode deixar - ele respondeu no mesmo tom.
- Oi, Amanda. Que bom que você veio!
- Oi. - respondi sem muito entusiasmo - A festa está linda, não ?! - dei um meio sorriso para o Rodrigo.
- E você está... - antes que ele pudesse terminar, um agudo o interrompeu: "-Gúúúúúú, fotos!"
- Com licença, tenho que ir. Mas, pelo visto, você está muito bem.
- Tenha certeza que sim.
E ele se afastou, sumindo na multidão.
- Pensou que seria pior, não foi? - perguntou Rodrigo.
- Estou começando a ficar assustada. Dá pra parar de ler a minha mente? - eu ri, descontraindo. Ele também riu.
- Pela movimentação, acho que o jantar está servido. Que tal uma pizza? - sugeri.
- Agora!
E saímos à francesa.
Assim que passei o portão, suspirei aliviada. 
- Para o "La massa"?! - perguntou ele.
- Com certeza! - concordei, querendo passar mais tempo com aquela companhia tão agradável.
- Então, Dona Amanda - disse ele, abrindo a porta do carro para que eu entrasse.- Poderemos, enfim, conversar sem tensão agora, não é?!
- Oh, sim. - respondi quando ele entrou no carro - Muito obrigada pela companhia de hoje, viu?!
- De nada. Contanto que não seja a primeira e última - falou.
- Claro que não. Acho que nos daremos bem. - respondi tocando nos ombros dele.
Ele beijou a minha mão e disse: - "Tomara que até demais".
Devo ter ficado vermelha. Senti meu rosto esquentando. Não sabia se deixava ou tirava a mão. Mas, para minha sorte, o celular vibrou. Então, tirei pra que eu pudesse pegar dentro da bolsa.
- Uma chamada da Letícia. Ela deu por nossa falta. 
- Justifique a ela dizendo que eu te sequestrei - ele falou, rindo.
- Quando tem consentimento é sequestro? - brinquei.
- Não sei, fiz Educação Física, não Direito.
Rimos.
- Posso colocar uma música? - perguntou.
- Claro!
- Gosta de Colbie Caillat? 
- Sim. Apesar de não saber nenhuma música decorada, nem acompanhar o trabalho dela. 
Começou a tocar: "It's always been about me myself and I". (Música: I do) Paramos de conversar para ouvir a linda música. Ouvimos outra e outra, até que chegamos na pizzaria.
- Até que não está cheia. - comentei enquanto ele estacionava.
- É, talvez pela hora - ele respondeu.
Só aí que me toquei na hora. 21.57 p.m.

Capítulo 5 - O jantar



Pela quantidade de carros estacionados na rua, percebi que tinha muita gente; afinal, eles conheciam muita gente. Assim que entramos, avistei a Letícia, que me viu e veio logo ao meu encontro com um enorme sorriso.
- Que bom que você veio!
- Não faltaria, né?! Deixa eu te apresentar, este é o Rodrigo.
- Prazer - ele disse, cumprimentando-a com a mão.
- Prazer - ela respondeu. - Seja bem-vindo e sintam-se a vontade. Mesa não tem mais, mas tem lugar na bancada ali no bar. 
- Ok, obrigada.- falei. - Você está linda! 
- Ah, obrigada! Vindo de você é até suspeito! - rimos. - Você também está linda. Queria que você dormisse hoje aqui comigo. Tanta coisa pra te contar. Oh, que saudade - disse ela me abraçando bem forte.
- Eu sei que tem muita gente pra dar atenção. Vá lá. Sou de casa. Amanhã, eu dou um jeitinho de vir aqui. 
- Ok. Deixa eu ir atrás do meu noivo! - disse ela rindo, se afastando.
- Vamos sentar ali? - disse o Rodrigo apontando para um banco no jardim.
- Vamos!
- Bem simpática sua amiga. Ela deve estar cheia dos "babados", como dizem as mulheres.
Eu tive que rir.
- Não! Ela quer saber dos "babados", tipo, você. Quem é, o que faz, se a gente está saindo, há quanto tempo, etc etc etc
- Humm. Então, me estamos saindo, me fala mais de você. O que você faz atualmente?
Fomos servidos. Suco de abacaxi com hortelã. 
- Meu preferido. Então... - tomando já um gole - eu trabalho numa agência de publicidade. Sou formada em marketing e moro com meus pais.
- O que faz nas horas vagas?
- Livro e cinema. Quando não me refugio em algum spa. Adoro massagem. E você.
- Também gosto de massagem, mas não recebo com tanta frequencia. 
- Engraçadinho! Você entendeu - retruquei.
- Sou sócio e dou aula todos os dias numa academia, além de dar aula numa escola.
- Qual série?
- Todo o Ensino Médio. 
- Deve fazer sucesso entre as alunas - brinquei.
- Confesso que recebo cantadas, mas finjo que não entendi. Coisas de adolescente, sabe? Não quero problemas.
- Você está certíssimo. 
- Apesar de eu não ser tão famoso quanto você.
- Eu? - não tinha entendido o motivo do comentário.
- É! O tanto de pessoas que estavam nos olhando aqui. Se eu não fosse acostumado, teria ficado intimidado.
Ri. Me contive pra não soltar uma gargalhada.
- Nem percebi. - como de fato, não tinha percebido mesmo.
- Aham! Você não viu porque estava com medo de encontrar um "certo" olhar.
- Você é vidente?
- Não, mas é evidente isso. Não acredito como você não repara no movimento da festa.
- Ok. Dois à 1 pra você.
Ele riu.
- Mas acho que tem alguém que quer falar com você. - falou o Rodrigo, olhando numa direção.
- Quem? - perguntei olhando para onde ele estava olhando. 
Meu coração gelou: era o Gustavo

Volteeeei!